sábado, abril 30, 2005

Trio Manaia

É difícil explicar-me, vou tentar, mas afinal o que aconteceu nesta última hora? Complicado dizer. Uma conversa, no fundo foi isso, uma conversa extremamente agradável com o desconhecido que me guiou até casa hoje, no seu Mercedes Benz. Mal entrei no táxi, e disse boa noite, fiquei de olho no motorista, dado o seu ar cansado não me inspirar grande confiança, olhos vermelhos, brilhantes no retrovisor por que estrategicamente eu observava. Despoletou-se a conversa a meio do percurso, mas foi já à porta de casa que monologámos, eu apenas intercalava o discurso com pois, de facto, e afins...apercebi-me de que sorria. Eu sorria. Digo apercebi-me porque não me apercebera, até ao momento em que comecei a ficar com os músculos faciais doridos, de tal sorriso amarelo que ostentava desde o início. A verdade é que eu estava a gostar da conversa, o sorriso provavelmente só surgiu por algum desconforto, afinal eu não conhecia o homem que ali falava comigo sobre a sua vida, a sua mulher, as suas contas, as coisas que gostava de fazer mas que não podia por estar num círculo vicioso de responsabilidades diárias às quais, uma vez dentro, não se podia esquivar. Os seus olhos vermelhos acompanhavam aquele quadro, transmitiam-me toda a tristeza e resignação de que me falava ele. Moço ainda novo, dos seus quarenta anos, a crise obrigava-o a trabalhar ali jorna após jorna, na busca por um miserável salário que já tinha há muito destino. Casado há duas décadas ama a mulher mas não lhe suporta o feitio, tem o coração ao pé da boca, diz ele, fala tudo sem atender a terceiros, às vezes um pouco injusta, ele não andava ali a comer mulas, trabalhava! Se por acaso pensares casar faz as tuas contas sempre a meias com ela, estás a entender-me? Ela depois é merdas com mobílias e o caralho, e em vez de 3 ou 4 dias no Sul de Espanha, ou mesmo ir dar aí uma volta até ao Algarve ou assim, estamos à rasca por causa de dinheiros para perfumes, batôns e rímel e todas aquelas merdices que elas utilizam. Eu ontem fui à bola e nem sequer lhe disse nada, foda-se...só sabendo o que ela me ia foder a cabeça...fui ver a bola e beber umas imperiais com uns amigos meus e prontos, achas que me queixo dos 30 € que gastei? De vez em quando tudo bem, agora ela há coisas, foda-se, que eu me pergunto, mas que merda é essa? Para mim é tudo igual, panelas, pratos, talheres, já para ela tem de ser tudo xpto e o caralho...tudo igual...

Bela noite, apertei a mão ao senhor, gostei muito de falar consigo. Amanhã continuamos, acho que houve aqui qualquer coisa que se passou comigo. Obrigado.

E tudo começou da conversa sobre as tiazorras a dançar Rod Stewart, Do Ya Think I'm Sexy, e Beatles, pelo Trio Manaia no Speakeasy, e de como ele gostava de conhecer esses sítios, agora já nem tinha tempo para ir a lado nenhum...se pudesse agora não voltava a casar.

quinta-feira, abril 28, 2005

Prognósticos Antes do Jogo

Sábado. Hoje devo ir sair, coisa que, para surpresa de muitos e a grande custo meu, já não pratico há uns tempos largos. O interregno é tal que por mais que puxe pela cabeça já não me recordo da última vez que fiz uma visita à tasca do Sr.Américo para ver a bola à conversa e repastar-me com um pica-pau e umas imperiais. Antevejo o meu estado de amanhã de manhã e estremeço.
[Entretanto era porreiro que parasse de chover... Só naquela da secura, só nessa. Só na do "não encharcado pelas ruas do Bairro Alto fora". Era simpático hã Pedrocas?...
Acreditando então que o São é um leitor assíduo do nosso blog, ou que neste momento me escuta lá em cima (é mais provável...), varro da minha mente esses pormenores terrenos como o da iminente chuva a potes, e sigo no meu prognóstico para este fim-de-semana.]

Olhando para a coisa de uma forma mais geral, digo-vos já aqui (sem rodeios ou hesitações de qualquer espécie, daquelas extremamente inconvenientes em que desatentos escritores por vezes caem fazendo até com que imagine-se, os pobres desprevenidos leitores percam o fio à meada dando às tantas por si a voltar atrás no fim do involuntário devaneio literário a pensar, "do que é que este tipo já estava a falar?") caros colegas, que o único problema dos sábados, é que vêm antes dos domingos.
E eu amanhã (domingo), a confirmar-se a tão desejada saída, vou pela certa acordar com a bela da Ressaca a servir de companhia. É verdade, e posso contar com ela para ajudar a matar o tempo e me sentir completo e feliz no dia mais deprimente e desprovido de sentido da semana. E isto que digo é um facto caros colegas, Domingo é o único dia dos sete que para todas as pessoas do mundo possui um sentimento inerente. Há quem diga que a segunda feira também tem o seu feeling, mas na minha opinião isto só acontece porque vem imediatamente a seguir ao sacana do domingo.
Isto não o vou fundamentar com factos ou teorias de qualquer espécie. O que aqui afirmei agora mesmo toda a gente já o sabe e o sentiu na pele. Pode no entanto acontecer que agora andem "felizes", ou algo irritante do género, e não notem que assim seja. Mas não se preocupem pequenitos, isso com certeza em breve passará e aí poder-se-ão voltar a identificar com este pensamento do vosso caro, da mesma forma que toda a gente se identifica com aquelas piadas de stand-up bem esgalhadas ou com a beleza de um arco-íris após um aguaceiro primaveril. (TPC- o que é um ceiro?)
Ah! Exacto, ora aí está. Ora aí está a cerejinha... A estucada final! Eis que para completar o quadro de neura absoluta, me informa agora um qualquer locutor de que "Não vale a pena arrecadar o guarda-chuva caro ouvinte, porque segundo o I.N.M. tanto hoje como amanhã, chove pela certa."
A notícia é transmitida num tom de voz alegre, quase alvisserante, como se da aterragem de uma sonda espacial ou da visita do Papa se tratasse. (São obrigados os pobres diabos, só pode...)
No entanto, eis senão quando num acto de revolta, ignorando a intempérie e todos os inconvenientes que dela possam advir, pego no telefone e começo a ligar aos suspeitos do costume. Um pode, os outros nem tanto. Hm... não há drama, um e um dois. E dois bastam para jogar a este jogo.

Escrito a 23/04/05.

quarta-feira, abril 27, 2005

Respiremos: inspiiiiiiiiraaaa...expiiiiiiiiiiraaaaaaa

A história repete-se, ouço os gemidos de prazer da mulher do atirador de facas na rulote aqui ao lado. É de certeza outra vez o sacana do mágico. Sempre que o marido, coitado, sai para jogar às cartas com os amigos, o homem-bala, o encarregado dos elefantes e o anão Quintino, a desavergonhada, vá-se lá saber por que ínvios mecanismos, avisa o amante que a costa está livre e logo se põem os dois nisto, já não há respeito, um sujeito aqui a querer descansar e não pode, com o barulho. A rulote até treme, tal é a violência com que eles se entregam à coisa, se um dia são apanhados, quero ver, o cornudo das facas diz-lhes das boas, nem quero pensar o que em tal situação poderá acontecer ao bruxo. Na melhor das hipóteses ficará a falar mais fininho, "vejam, vejam, vejam todos, nada na manga". E o pior é que, segundo o que me informou o senhor Firmino, com base numa confidência que o atirador de facas lhe fez, a mulher está grávida, prenha, à espera, embaraçada, como dizem, e muito bem, os nuestros hermanos espanhóis, embora ainda não se lhe note a barriga. Assim, daqui a uns meses, há-de pôr no mundo um bebé certamente com algo do pai, talvez a presunção do nariz ou a altivez das sobrancelhas, espera-se que a pobre criança, que não tem culpa nenhuma de nada, não nasça com a maldição de um bigode ridículo como o do mágico progenitor, "vejam, vejam, vejam todos".


O Ciúme in Para Averiguar do seu Grau de Pureza, Jacinto Lucas Pires


"Era como se o tempo, em algum momento, tivesse parado, o homem só queria que alguém viesse abrir uma janela."


Respiremos meus senhores. Como é que uma data como a de ontem (25 de Abril, sempre!!!) vos passa ao lado??? Hmmm??? Só aqui escrevemos baboseiras por causa desse feriado meus amigos, nunca se esqueçam disso...continuo à espera de ver-vos aqui quando acordo...quando me deito...acaso será preciso chatear-me? PS: tentei lembrar-me de músicas dos Bons Dias e das festas das oficinas de são josé, e não me lembrei de mais de quatro ou cinco, será normal? gostava que enumerassem, cantassem os refrões das que se lembrassem, posso estar perante um caso de falta de memória e quero, se for esse o caso, atacar isto o quanto antes porque vou entrar numa altura complicada trabalhos ensaios concertos jantares estudar e quero talhar o mal já pela raiz de modo que se me puderem ajudar nisto upa upa, muito agradecido. Respiremos.

Inspiiiiii[aqui no meio dá para escrever caralhadas]iiiiiiiiiiiiiraaaa


Expiiiiiii[acham-se sob grande pressão?? pfffff, meninos!!! só ando a publicitar isto a toda a gente que conheço]iiiiiraaaaaaaaa

sexta-feira, abril 22, 2005

A minha agenda, a minha agenda

Anúncios comó d' a minha agenda, a minha agenda, das saudosas canetas bic, bic bic bic [oh tempos áureos da publicidade, genuína época d' oiro de 24 quilates - a da minha infância!] já não existem.

"Com os meus sapatinhos Chico, em boa companhia, corres pelo campo a brincar ao Sol. Se ao fim do dia te sentes cansado, procura um amigo, a casa te acompanhará..."

Estaremos a ficar velhos? Não digo a ficar "mais velhos", digo "velhos", ultrapassados, desadequados...não gostava nada de saber que os miúdos de hoje em dia, ao invés dos sapatinhos chico, trauteiam genéricos de reality shows.

quarta-feira, abril 20, 2005

A pedi-las

Oh Peteca, a notícia da escolha do guardião da ortodoxia doutrinária da Igreja Católica está mesmo a pedi-las...ou és só conversa sobre a Igreja, a Religião e tal, às 6h da manhã em dia de santas alucinações à noite? Achas que este papão já vai permitir o preservativo? Eu olho para a cara dele e desconfio, hmmm...Será que vão continuar a adiar isto do sexo até ao casamento, onde as famílias, as mesmo muito católicas apostólicas romanas(!), têm às manadas de filhos, uma vez que só podem copular para procriação?! Ai não, ora li ló lé las...pior são os casais muito férteis, cada tiro cada melro. Melhor estás tu, morando em Campo de Ourique com os pombos, sempre podes ir espreitar à varanda e ver como O fazem eles...

"Bloguem-mos, e deixemo-nos de merdas!"

Munido de uma lata de Raid [Saudoso João....João Saudoso!], e entretanto um saco de gelo sobre o pé entorsado (de entorse....), futebolisticamente trocidado, completamente entortado, caldo entornado, da bola magoado, muito maltratado, esperei longamente que aquele petiz despertador matutino [foi hoje às 5h da manhã(!)], qual milímetro esvoaçante mais desprezível, ousasse bater as asas uma vez mais que fosse despertando-me, pisando o risco, arriscando a vida vá, atrevidamente.

Pois é. Mais uma noite mal dormida por causa de um destes insectozinhos. Pffff...bloguem-mos!!!

Há pouco, na palheta com O pantera cor de rosa aqui do blog, falava-se de chimpanzés, macacos do nariz e outros pongídeos, nossos antepassados com capacidades de monitorização do ambiente. Não sabem o que é monitorização? Vão ver ao dicionário, desculpem-me, mas instruam-se... tem que ver com a capacidade de relacionar num mesmo plano espácio-temporal mais de dois fenómenos simultaneamente. Acham-me demasiado teórico? É a evolução da nossa espécie meus amigos, vem n' O Porquê das Coisas, da Editorial Verbo, do ano: "há muito tempo atrás". [Espero muito sinceramente que continuem a editar essa bíblia científica, é um dos pilares da minha formação intelectual. Essa e a tabuada do Ratinho, ex aequo, ocupam o pódio nessa volta a Portugal das bibliotecas].

Fomos, Mr. Pink e eu própio, muito atrás na evolução, cladisticamente falando, muito atrás(!), ao tempo em que uma determinada linha filogenética seguiu um rumo, e foi desovar Pombos, nobre ave, portentosa, porca, cagando aqui e ali, quem sabe ocasionalmente na sua cabeça, mas copulando somente em Campo de Ourique. É verdade meus amigos, os pombos preferem este cosmopolita bairro para - além de cagarem, voarem e brincarem com a Maria da Fonte, no da Parada - foder, assim que o Sol se pronuncia. Eu pessoalmente também gosto muito de Campo de Ourique, e digo-o enquanto o Manuel João canta aqui na telefonia, com os seus manos catita, a marcha do bairro deste ano nos santos populares. Há um je ne sais quoi [um não sei o quê], um aroma familiar ao melhor bolo de chocolate do mundo que me faz sentir bem sempre que lá vou. Mas esta conversa veio a propósito de uma crónica bem gira que O pantera cor de rosa vislumbrou. Leiam-na. Bem gira.


"Disfunção eréctil, por Mário Bettencourt Resendes

Gozo, há meia dúzia de meses, as «delícias» da vida no centro de Lisboa. O meu bairro, Campo de Ourique, é, por sinal, um dos mais tradicionais e agradáveis da capital. Tem restaurantes bons e baratos, outros ainda melhores e nem por isso particularmente caros, há comércio de qualidade em vários ramos, cafés simpáticos, pelo menos um jardim acolhedor. Os moradores mais antigos tratam com afabilidade os recém chegados e conservam o espírito solidário – por vezes a roçar a intromissão... – característico da Lisboa de outros tempos.

Para quem se instala habituado ao desafogo das vias de algumas zonas da periferia, o trânsito é o maior inferno de Campo de Ourique. O estacionamento processa-se de forma selvagem, bloqueia-se o acesso a garagens, dificulta-se a entrada em ruas mais estreitas, obrigando os condutores a exercícios de risco em matéria de golpe de vista, enfim, é bom nem pensar o que pode suceder em algumas travessas de Campo de Ourique se um incêndio nocturno exigir a presença urgente de carros de bombeiros.

Campo de Ourique tem ainda outra praga, porventura menos falada, mas que funciona como autêntica tormenta para quem não é obrigado a acordar às seis horas da manhã. Todas as madrugadas, os pombos do bairro escolhem, entre outros lugares de pouso, a janela do meu quarto de cama para exercícios ruidosos. A instalação externa do aparelho de ar condicionado proporciona um cantinho recatado que as aves destinaram a um ninho de amor ideal.

Nos primeiros tempos, decidi encarar com tolerância o romantismo «pombalino» e convenci-me de que, com o passar dos dias, acabaria por habituar-me. Falso: há muito que não sei o que é uma noite bem dormida e consolidei uma enorme aversão aos avanços sexuais dos pombos. Na minha mente, ganharam terreno instintos assassinos e fui congeminando planos maquiavélicos capazes de me devolver o sossego da madrugada.

Acabei por optar pela guerra psicológica. Espero, com paciência, aquilo que penso ser o pré-climax pombalino. Aí, puxo os estores com rapidez e ruído e assisto, com satisfação incontida, à fuga em voo dos casais depravados. Espero, no mínimo, provocar problemas graves de disfunção eréctil aos pombos da minha rua..."
(http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=2&id_news=168848)


Saudoso Peteca, nestes dias de caseira nostalgia é bonito lembrar-te o bairro que cá te espera sempre. As pequeninas coisas são as mais engraçadas, como os pombos fodilhões de Campo de Ourique, os Fonsecas e Meireles de cá ;)

[Vésperas de jantar na pizzaria, e o gradual desprendimento dos sentidos numas quaisquer escadas a dar para o mar...]

Deixemo-nos de merdas, não acreditemos no Eça e no nosso perfeccionismo da forma, e bloguemos como os Pombos de Campo de Ourique O fazem: sempre a aviar cartuchos!!!

domingo, abril 17, 2005

3º DIA MUNDIAL DA VOZ

São 4.12h do dia seguinte, entro no táxi.

"Você sabe a diferença entre um cocktail molotov e o napalm?"
"Não..."

São 4.38h do dia seguinte, entro em casa.

Não, não sabia a diferença...entretanto o taxista explicou-me, e amanhã já poderei rebentar com quem me chateie da forma mais eficaz. Com napalm é certinho que arda bem.

Há coisas giras que se aprendem nas corridas de táxis.

Comó outro do CCB no banco de trás do táxi. Maluco!! Metia-se em cada tourada esse... a caminho de Azeitão, uma vez, num trilho mais escuro, pimba (!), Cona Cú e Broche ali mesmo com a cliente que não tinha dinheiro para pagar a corrida. E bem boa, ainda por cima. Cada tourada...

"Aí mesmo onde vocês estão sentados pá...foi CCB..."

Nesse momento lembro-me que me senti desconfortável...afinal de contas estava com o rabo confortavelmente sentado no Centro Cultural de Belém do chauffeur de praça Zé Povinho, crente na Virgem Maria e benfiquista convicto; pelo abanar dessas miniaturas penduradas no retrovisor, qual Travolta & Thurman, dir-se-ia que a Virgem Maria era perita em dança do ventre, não estivesse o troll do cachecol vermelho vermelhão com a piroca tesa, abanando-se ao espelho, dado o bambolear e ocacional roçar da virgem. Isto é uma Aliteração: vermelho vermelhão vermelhidão virgem??? Grande Fáfá, a de Belém - e cá está a referência bíblica (!) à cidade do palheiro Natal - mestra das palavras inchadas de musicalidade, dos seus seios laranja, laranja de loja, que me inspiram falta de ar, e lembra lacticíneos, brotam pétalas de rosas vermelhas, qual Beleza Americana, Sul Americana, mais concretamente, Brasileira.

Entretanto são 5.23h e deliro.

Avizinham-se sonhos incendiários...merda de conversa com o taxista. Cocktails Molotov e Napalm, pfffffffff...

segunda-feira, abril 11, 2005

Asas Sobre O Mundo

São tempos pantanosos e húmidos os que pairam pelo nosso jardim caros amigos. É um cenário desolador o que se apresenta perante nós. E sinceramente já não compreendo nada, não o tinhamos plantado à beira-mar!?
E agora, fruto da nossa negligência, eis que as melgas e os mosquitos proliferam bem para além do que temiamos nos terríficos devaneios dos nosso piores pesadelos. Já nos superam em largo número! Será possível que se tenham imposto sobre nós ao ponto de não retorno?- inquiro eu indignado e a medo. E "Stá!" Ei-la! Mais uma embaraçosa e auto-infligida estalada na cara.
Apanhei-a? (Não) Porra! Agora ia atrás dela se não estivesse como os demais, imobilizado pela rotina, pelo medo, pelas convenções. Um sentimento de vexame apodera-se de mim. A dormência dá lugar ao ódio, fruto de acções tantas vezes reprimidas no passado. Se ao menos elas não fossem tantas e tão ferozes... Não. Espera! Anda cá minha cabra! Maldita sejas!!- grunho ferozmente. Acerco-me dela a toda a velocidade qual toiro enraivecido! Imagens da minha família e amigos passam-me agora diante dos olhos, num corropio de memórias intercaladas pela visão do insecto, cada vez mais perto em cada flash. Cuidado agora!
É vivaça a gaja, a luta prolonga-se por largos minutos, "Zás! Traz! Catrapaz! Swing! Até que, squash! Vitória!!"
Cerro o punho um pouco mais aínda, e ergo-o aos céus em sinal de vitória. A multidão que se formara rejubila! Encontro-me agora naquele estado de calma absoluta que precede a perfeição. Com um sorriso estúpido examino a boca da besta mutante com o mindinho equanto esta jaz, trocidada na minha palma.Tornei-me num dos bravos! Tornei-me num dos venerados! Já não há retorno possível.
O cenário é outro agora. Estou do alto de um monte escarpado, e daqui tudo é claro, é claro agora o que tenho de fazer. Eles zumbem lá em baixo aos milhares sobre o negrume do pantanal. Eu envergo apenas um cachecol da selecção nacional em cada pulso,um par de patins, e uma lingerie tigresse. Armado com uma lata de raid e coragem infinita, beijo a minha mãe, abraço o meu pai e saio disparado pelo monte abaixo. Outros juntam-se a mim na descida.

domingo, abril 10, 2005

O que é Nacional....é bommmm!!!

"Para vocês a noite é mais importante que o dia?

A nível de mim eu acho que acelero muito mais à noite, não sei porquê...gosto de passar por aventuras e não sei quê e isso acontece à noite, normalmente, né?".

(Zé Pedro, Xutos & Pontapés)

http://www.xutos.pt/multimedia/outrosvideos.php

Esta e outras pérolas à distância de um click. Entrevistas repescadas dos arquivos televisivos, autênticos pedacinhos de arte, estaladiços e crocantes. Para comer e chorar por mais.

terça-feira, abril 05, 2005

1ª Citação

"O português nunca pode ser homem de ideias, por causa da paixão da forma. A sua mania é fazer belas frases, ver-lhes o brilho, sentir-lhes a música. Se for necessário falsear a ideia, deixá-la incompleta, exagerá-la, para a frase ganhar beleza, o desgraçado não hesita...Vá-se pela água abaixo o pensamento, mas salve-se a bela frase".

Os Maias, Eça de Queirós

No princípio era o verbo

Melgas e mosquitos não fazem mal, são apenas um estado mental.