quarta-feira, junho 29, 2005

Base Aérea Nº1

Estou tostado que nem um leitão, sabem aquela pelezinha do da Bairrada que fica mais queimadinha? É assim que estou, dos cotovelos para baixo, numa zona do peito do pé que corresponde exactamente à parte deixada a descoberto pelos xanatos da praia, e no pescoço. Camionista, chamam-me. Nem tenho ainda a carta de automóveis ligeiros, quanto mais...

Raptado? Não, tive a ver os aviões.

segunda-feira, junho 27, 2005

Pat Metheny


Pessoal, acabou-se, vou arrumar as botas...

domingo, junho 26, 2005

Cultura

"A nossa cultura é uma Mesopotâmia banhada por dois rios. A fonte de um deles jorra em Israel, ao passo que a do outro nasce na Grécia. E os rios são dois textos centrais que abastecem todo o sistema de irrigação da cultura com histórias ricas em nutrientes.

Os dois textos centrais da cultura europeia são
- a Bíblia judaica
- o duplo poema épico grego sobre o cerco de Tróia - a Ilíada - e a Odisseia.

O autor do poema épico grego foi Homero. O autor da Bíblia foi Deus. Ambos têm características de autores mitológicos: Homero não via; Deus não podia ser olhado - era proibido fazer dele um retrato."

Dietrich Schwanitz, 2004

sábado, junho 25, 2005

Anedota

Dois amigos subiram a uma ponte. Um atirou-se, o outro chamava-se Josué.

segunda-feira, junho 20, 2005

Ai os Criadores, os Criadores...

Diz-se que o maior louvor a Deus consiste na sua negação pelo ateu; este considera a criação tão perfeita que pode prescindir de um criador.

Marcel Proust (1921)

terça-feira, junho 14, 2005

A um camelo (com carinho)

A propósito de um amigo nosso que coçou os tomates subtilmente em pleno recreio...
Lucky said...
Pá, eu estava lá e posso precisar que o que o nosso amigo roía era um lápis de carvão da STAEDTLER HB 2...ou seria um pedaço de um cartão outrora telefónico? comida não era certamente, mas eu estava mais concentrado na mestria com que aquele camelo (digo isto com muito carinho) jogava o seu bilhar de bolso despreocupadamente, sem pensar que anos mais tarde isso nos viria inspirar de uma forma tão bonita. Nem nós agora, nem nós então que achámos esplêndida tal comichão tratada tão astutamente. Mas isto já vai extenso, e merece ser postado!
A propósito de comentários que merecem ser postados já se disse muito, ou quase nada. Não faço ideia, mas um amigo deve ser sempre tratado com respeito, e remetê-lo para um leave your comment tem algo de abandono, de evacuação.
De resto Evacuation dos Pearl Jam é uma música que faz algum sentido depois de uma noite de Santos Populares, com Santos Antónios, manjericos, sardinhas assadas, tiros e música outrora tradicional e hoje em dia trance num miradouro apinhado a dar para o rio.
Era sempre custoso emprestar-lhe um lápis...regressava roído, com a tinta lascada na ponta, e bastante babado. Mas o Mr. Pink poderá contar-vos de como ele gostava de fazer puzzles durante as aulas. Eu só poderei corroborar em como ele gostava de dizer ordinarices acerca da expressão física de alguns caracteres secundários em colegas femininas mais precoces. Mas quem não gostava?

segunda-feira, junho 13, 2005

Eugénio de Andrade (1923-2005)

LITANIA

O teu rosto inclinado pelo vento;
a feroz brancura dos teus dentes;
as mãos, de certo modo, irresponsáveis,
e contudo sombrias, e contudo transparentes;

o triunfo cruel das tuas pernas,
colunas em repouso se anoitece;
o peito raso, claro, feito de água;
a boca sossegada onde apetece

navegar ou cantar, ou simplesmente ser
a cor dum fruto, o peso duma flor;
as palavras mordendo a solidão,
atravessadas de alegria e de terror,

são a grande razão, a única razão.

domingo, junho 12, 2005

Reencontros Felizes

Há reencontros felizes. Acabei de falar com três moças da minha turma dos tempos de liceu [Leia-se colégio particular, vulgo de padres]. Soube por elas que umas das miúdas mais giras dessa altura, também da nossa turma, namora agora com um banza meio aloilado. Apanhou-me de surpresa [Será que ela engordou que nem uma porca, era tão gira...com aquele lélé? a que propósito?]. Falou-se de fazermos um jantar de turma, acho que se ficar bêbado o suficiente vai ser hilariante, caso contrário posso é chorar. De aflição.

Bom, mas falava de reencontros felizes. É sublime voltar a ler alguns apontamentos de que gostamos, é o caso das Explicações de Português, do Miguel Esteves Cardoso. Após prolongada ausência por empréstimo, este livro genial, que comprei por 10€ numa Feira do Livro Manuseado no Chiado, continua a fazer-me rir com pérolas como esta [abro ao acaso...]

"Quando um palavrão é usado literalmente é repugnante. Dizer «A sanita está entupida de merda» ou «Tenho uma verruga na ponta do caralho» é inadmissível. No entanto, dizer que um filme é uma «merda» ou que comprar uma casa em Massamá não lembra ao «caralho», não mete nojo a ninguém. Cada vez que um palavrão é utilizado fora do seu contexto concreto e significado, é como se fosse reabilitado. Dar nova vida aos palavrões, libertando-os dos constrangimentos estritamente sexuais ou orgânicos que os sufocam, é simplesmente um exercício de libertação."

[Gosto muito de palavrões], pág. 320

quinta-feira, junho 09, 2005

Rescaldo da Assembleia

Hoje acordei, fora a ressaca a sede e o calor, bem disposto. Com uma telefonema internacional, transalpino, de uma completamente emigrante amiga. Giro, porque ela pensou que a chamada me apanhara desprevenido, provavelmente a meio de qualquer coisa, por eu estar a falar muito depressa. No fundo, estava era com pouca bateria e com medo que a chamada caísse de repente, mas fazer acreditar uma pessoa que não estávamos a molhar o pincel quando isso já lhe passou pela cabeça é deveras complicado.
Gostava de deixar aqui expresso o meu respeito pelas questões do condomínio. Respeito-as. Mas no futuro gostava imenso de ter uma vivenda e não ter de tratar dessas merdas.

quarta-feira, junho 08, 2005

Assembleia Extraordinária de Condomínio

Avisam-se os Exmos. condóminos que se realizará hoje à noite uma Assembleia Extraordinária de Condomínio para averiguarem-se responsabilidades da inclusão de um retornado da 2ª Guerra Mundial num blog que se pretende sério e com piada, devidamente contrabalançadas - a seriedade com a piada.

Seguir-se-á uma patuscada das antigas.

[E vocês perguntam-se, incrédulos, bolas mas este gajo parecia mesmo que estava a anunciar uma real reunião de condomínio, como é que ele sabe perfeitamente a linguagem protocolar dos condomínios? Simples, o meu pai ficou com o condomínio este ano. Não acreditam no prazer que uma pessoa pode ter por colar avisos no elevador a anunciar a limpeza das chaminés, ou outro
desses assuntos sérios (daqueles que interessam ao Pai Natal), eu também não acreditava]

terça-feira, junho 07, 2005

Calores

"Boa tarde! Este, é o telejornal.
- Mais um atentado no iraque provoca a morte de pelo menos 18 pessoas; Deflagraram 2 fortes incêndios esta manhã na zona da Figueira da Foz; - Despesas militares mundiais ultrapassaram o bilião de dólares em 2004, os EUA contribuíram para mais de metade dessa verba; - Música mais cara, o aumento do IVA também se aplica aos produtos musicais em Portugal.
Mas antes de mais nada. ESTÁ CALOR NO NOSSO PORTUGAL! Siga falar sobre isso durante meia hora..."

Não terá sido exactamente assim o início do jornal da tarde na televisão de hoje (eu perdi a introdução e só fui a tempo de ver a câmera a aproximar-se de um pivot com "ar de caso" estampado na cara), mas podia bem ter sido.
Senhores da TV, eu sei que está calor! É uma da tarde, e sente-se o calor. Aliás, já tinha tido a oportunidade de o constatar logo ao acordar e, minutos mais tarde já no elevador, recebi a confirmação através do vizinho do 3º frente.

["Isto hoje tá uma brasa!..." disse o arquitecto ao carregar no zero. "É verdade..." devolvi eloquentemente. Ele não se fica atrás e dispara. "E ainda só são 9! Tou imaginando lá prá hora do almoço como será isso aí fora." (O gajo é brasileiro. Mais um... É capaz de ser larilas, ainda não percebi bem. Trinta e muitos, mora sozinho e tal... Pelo sim pelo não evito olhar-lhe directamente nos olhos e sorrir ao mesmo tempo, não vá o arquitecto interpretar mal os meus sinais de cordialidade estritamente vizinhesca. Especialmente naquele elevador, que agora a cada passo encrava... Nada como uma boa dose de claustrofobia com um cheirinho de homofobia, para começar bem o dia) E eu, "Ah pois! Nem quero imaginar... A mim não me apanham na rua a essa hora!" Num tom mais sério o bolha aconselha "Mas se tiver de sair, aí compre uma aguinha bem geladinha e vá bebendo." "Sim sim, eu sei..." (entretanto já estávamos a sair porta do prédio fora e sentimos o "bafo pesadão") "Pfuuu... Olhe, um bom dia arquitecto." Disse-lhe. "Bom djiá pra você!" Rematou ele ao afastar-se, "Tchau filho..." Pensei eu "Vai pela sombra."]

E agora enfadado, ponho-me a adivinhar o que iria na cabeça do responsável ao decidir qual seria a notícia de abertura do jornal de hoje:

[Sala de reuniões, 11 da manhã. Uma mesa repleta de súbditos servis ávidos de subir na carreira e um par de estagiários invisíveis. O director de redação acabado de entrar, pega na papelada, e é ainda em pé, alternando a leitura em voz alta com o estiloso abocanhar da haste dos seus oakley enquanto escuta o seu acessor Ferreira, que a reunião se processa.]
"Começaram a lavrar 2 incêndios na zona da Figueira da Foz - os quais lá para a noite devem já ter ardido bem e serão motivo para notícia de abertura. Umas pessoas desesperadas umas velhotas a chorar porque foi um grande susto e tal, o drama o horror... exacto ok, depois abre-se com esta no das oito então. "Mais um atentado no Iraque provova a morte de pelo menos 18 pessoas"- Outro? Eh pá atentados no Iraque já não é notícia caraças! Hã? Pois realmente, 18 pessoas ainda é muita gente sim... e... morreram estrangeiros ou quê? Não? Pá então esquece, põe-se essa lá pró meio, antes do desporto ou assim... Ferreira, como é que é? O governo não anunciou mais nenhuma medida de contenção nem nada assim importante? Não? Pá então e escândalos assim tipo o do ministro das finanças? Tb não? Ah e o Benfica? Já tem treinador? Não? E da Casa Pia nada né?... Pá então não sei olha, não há notícia de abertura hoje pronto fds." Imagino que às tantas um estagiário num acesso de coragem inigualável balbucia "Ss-se me permite senhor director doutor, hoje está muito calor, sss-se calhar podia-se falar do calor..." O senhor director adora. O Ferreira é prontamente acusado de incompetência e é despedido. O estagiário passa a efectivo no seu lugar. "Abra-se com o calor! Ao trabalho pessoal! Eu volto à uma, vou pró ténis..."

Mas exercícios de adivinhação à parte. Eu sei que o tempo é provavelmente o único tema de conversa comum a todas as pessoas e locais do planeta, e que qualquer pessoa se identifica e participa activamente numa conversa sobre ele. Nos telejornais o tempo "vende", audiências e tal... mas porra! 2 ou 3 minutos não bastarão para constatar que faz calor?! Será que cada vez que passamos dos 30 graus têm que ir falar com o responsável da protecção civil de cada um dos distritos "mais afectados" e pô-los um após outro a dizer exactamente a mesma coisa?! Aqueles conselhos do tipo "beba muitos líquidos" ou "ponha um boné se andar ao sol!" É senso comum gente! Notícia de abertura?!
Bah!...

Por falar em bah, aquela notícia acerca do IVA sobre a música também aumentar para 21% só passou no fim do jornal. Está portanto, ao nível daquelas peças sobre o nascimento de um urso polar no zoo de Moscovo ou do anúncio da estreia da nova telenovela das 6.
Antes dos créditos finais ainda houve tempo para a metereologia. "Está calor em todo o país, nas zonas mais quentes as temperaturas podem atingir os 35º centígrados. Tome as precauções necessárias." Obrigado senhor pivot, bastava isso.

quinta-feira, junho 02, 2005

Coffee Shop, Amesterdão

Eu, por causa das tosses, que este ano já é a quarta vez que me constipo, adicionei ao meu tamagóchi a palavra Bayard.

Dr. já ele conhecia.

De modos que se lê (em dias de rouquidão): Dr. Bayard, compridos para amar.