domingo, maio 01, 2005

Patrícias S.A.

E hoje, outra vez Speakeasy. No palco, uma big band com as mulheres dos meus patrícios dos Bluesíadas, Azimute, XPTO e outras andanças, uma sociedade anónima com muita sensibilidade musical. Emocionaram-me os acordes do rei Charles, meus olhos fechados, como ele os tinha, escutando. Na plateia deste vulgo bar alfacinha, imaginem um senhor com os seus 55/60 anos, eu só consigo lembrar-me do meu avô, de como o recordo pelo menos, o que não adianta em nada porque não o conheceram, cabelos brancos rodeando respeitosamente o cume da cabeça, um ar importante.

"Canta tu António, canta tu esta..."

Ok, aqui o desafio é maior. Imaginem uma voz rouca, interpelando os músicos no palco, gesticulando e arrastando estas palavras, apagada dos anos, dos bagaços a seguir aos almoços em dias de reunião, e nos outros todos, e dos whiskies depois do jantar, e antes. E bêbada, a Voz claro. O homem, esse transpirava sobriedade, suando muito a gola azul da camisa. E sussurrava agora.

"Se a brigada me apanha 'tou fodido...", entre dentes.

A voz arranhando, não se esqueçam.

Vou escrever aqui num post it IMITAR VOZ DE BAGAÇO DO BÊBADO ONTEM NO SPEAKEASY. Amanhã de manhã vou acordar mais alegre só de ler isto, de lembrá-lo insistente Canta tu, canta tu esta António, para o guitarrista.